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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

 “Quero dedicar este texto a todas as pessoas honestas, batalhadoras, amigas, tolerantes e que têm o senso da equidade e da justiça. É que, rodeados pelas nossas preocupações, perdemos a noção das coisas que acontecem no mundo e às vezes, bem do nosso lado. O choque é tão forte, que nos atordoa e machuca. Então fica-nos a dúvida: Quem está errado? Em quem devemos acreditar?”  -  




COISAS NAS QUAIS ACREDITO
Esta é uma escultura dedicada aos "18 do Forte" na praça do Palácio do Governo  do Tocantins em Palmas, capital do estado,

           
               

                        Não sei se é mais fácil falar das coisas nas quais acredito ou se naquelas em que não acredito. Acreditar é dar credito à ou confiar em? A pergunta não é para suscitar polêmica. Serve apenas para lembrar que tanto uma coisa como outra é parte intrínseca do fundamento da verdade. Ninguém, em sã consciência, depositaria um tostão furado em algo que não fosse verdadeiro. Ou seja, não existe crédito ou confiança naquilo que transmite falsidade. Contudo é permitido, graças a Deus, a qualquer cidadão, o princípio do livre arbítrio para decidir sobre aquilo que lhe faça melhor juízo.
                        Ao colocar o assunto dentro da esfera do livre arbítrio, abre-se a possibilidade de enveredar-se por outros caminhos. Pois é justamente o impacto provocado por variáveis diversas como as diferenças sociais, o conhecimento, os princípios religiosos e outras, arraigadas na cultura brasileira, que levam as pessoas a acreditarem nas coisas diferentemente, formando seu próprio juízo do que é certo ou errado. Estes princípios se locomovem lado a lado, às vezes até se interligando por fios tênues, quase imperceptíveis, exatamente porque a verdade é um paradigma que sempre admitirá ajustes, jamais será um axioma, como na matemática.
                        O convívio entre as pessoas no mundo, tem se mostrado tal e qual lemos em Gênesis, no Velho Testamento, quando fala sobre a Torre de Babel: Uma balbúrdia generalizada. É simplesmente impossível acreditar naquilo que devíamos acreditar. Vemos, por exemplo, crianças com 10 anos de idade se prostituindo à vontade, religiosos praticando abertamente a pedofilia; políticos prometendo o que nunca cumprem e se locupletando, a olhos vistos, com o dinheiro do povo; doenças incuráveis se alastrando, exaurindo o bolso dos doentes e enchendo os cofres dos laboratórios espalhados pelo planeta; prisões abarrotadas e dirigentes orgulhosos, anunciando a construção de mais presídios. Vemos ladrões, com gravatas e carros importados, vivendo em mansões suntuosas impunemente, enquanto batalhões de famintos, com as mãos estendidas mendigam com lágrimas nos olhos sem que ninguém lhes dê atenção. Não queremos acreditar, mas estas coisas todas estão aí para quem queira ver. Tudo isso vai diluindo, aos poucos, nosso senso de credulidade. De repente tudo e todos não merecem mais a nossa confiança. Começamos a agir por conta própria, querendo resolver nossos problemas, por não confiar em quem deveria fazê-lo. Cria-se um estado de intolerância, desconfiança, temeridade, fragilidade interminável.
                        Apesar da inquietação, nem tudo está perdido. Coerência, solidariedade, justiça e humanitarismo, são coisas que sedimentam a vontade de acreditar. Felizmente todas as pessoas nascem com índole para o bem. São as irregularidades de percurso que as transformam. Confesso acreditar em poucas coisas. Entre elas estão: A força de vontade, o poder da criação, o arrependimento, o perdão, a mobilidade do tempo e a existência da morte.


FELIZ NATAL E UM ANO DE 2012 PRÓSPERO 

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