Carteira Escolar-Figura da Web
Passei por muitas escolas. Escolas pequenas e grandes, cada qual com sua história. Todas deixaram suas marcas, que ainda hoje guardo escondidas em algum lugar no meu inconsciente. Lembro-me com clareza das carteiras. Hoje poderíamos chamá-las: carteiras socializantes, por sua função compulsória, ou seja: eram duplas. Obrigatoriamente sentava-se aos pares, lado a lado, mas nunca menina com menino. E para adentrar a sala, cantava-se antes um hino. Aprendi vários deles. Hino Nacional, à Bandeira, da Independência, Hino à Árvore, ou Canção da árvore? Talvez da Primavera! Meu Deus, quantas dúvidas? Também já se foram tantos anos! Canção do Marinheiro, esta era a que mais gostava. Ficávamos em posição, tomávamos distância, esticando o braço sobre o ombro um do outro e soltávamos a voz:
Qual cisne branco que em noites de lua
Vai deslizando no mar azul...
Foi preciso fazer esta breve parada, para redigir umas poucas lembranças e sentir a evolução das coisas desde os meus primeiros bancos escolares. Sabia que as canetas eram um pedaço de madeira, feito um lápis, com uma pena metálica na ponta? Sim. Para usá-las molhava-se a pena dentro de um tinteiro, escrevia-se até que a pena secasse. Então molhava-se de novo e assim sucessivamente até que o texto acabasse. Era comum tinteiros entornados sobre as carteiras, cadernos, guarda-pós e o que mais estivesse pela frente. As carteiras eram furadas nos cantos de forma a adequar os pequenos vidros com tinta. Mas era uma missão quase impossível mantê-los ali sem nenhum esbarrão, numa sala cheia de alunos barulhentos, traquinas e constantemente excitados. Atualmente usam-se uniformes. Mas naquele tempo o uniforme chamava-se guarda-pó; todos tinham que usar um. Eram feitos de tecido branco e muito leve. E viviam manchados de azul, preto ou vermelho, que eram as cores das tintas usadas nas canetas de pena. Não que fossem feitas com pena, mas eram instrumentos sem compartimentos para guardar a tinta, daí a necessidade do molha-escreve, escreve-molha.
Eram escolas muito diferentes das de hoje. A rigidez imperava em todos os sentidos. Iam desde os castigos violentos até a discriminação exacerbada. As professoras puxavam orelhas, batiam com a régua (de madeira!) sobre as mãos, colocavam de pé e de costas para a turma, com a cara virada para um dos cantos da sala; às vezes obrigavam o aluno a varrer o pátio da escola, tudo na maior humilhação. Quando o caso era mais grave, o indisciplinado era encaminhado à sala da diretora. Neste caso, geralmente o castigo era ficar ajoelhado por longo período. Havia até notícias de que, em algumas escolas, alunos eram obrigados a ajoelhar sobre grãos de milho; outras vezes eram presos em salas escuras para conviver com esqueletos e outros trastes com cara de poucos amigos. Não sei dizer, neste caso, se era ficção ou realidade.
A minha verdadeira Escola é a mais bela que existe. É completa e democrática. Escancara-se à disposição dos pupilos a qualquer tempo e em qualquer lugar. Aceita a todos, de qualquer idade, sejam eles quem quer que seja. Não faz distinção de cor, sexo, credos, posição social ou siglas políticas. Sabe por quê? Minha verdadeira Escola não tem paredes e nem teto. É um espaço enorme, sem medidas. Lá todos são alunos, todos são professores. Na minha Escola trocamos informações e experiências espontaneamente. Ninguém exige nada de ninguém. Aprende quem quer aprender. Cada um aproveita o que é de seu interesse, pois na minha Escola os assuntos jorram aos borbotões. Mesmo se quiséssemos não seria possível absorvê-los na sua totalidade, tão grande a afluência deles. Foi esta escola que me proporcionou os melhores ensinamentos. Minha Escola todo mundo conhece, é a Escola da vida.
É Paizão, são esses ensinamentos que faz de você uma pessoal especial, que mesmo com tudo que a "Vida te ensino" não deixou de acreditar, pelo contrário, te fez ver e mais, te vez enxergar que a vida vale a pena.....obrigada por mais esse ensinamento!!
ResponderExcluirBeijos com saudade.
Oieeeeeeee,
ResponderExcluirA cada parágrafo, uma emoção. Temos uma coisa em comum...o Hino aos Marinheiros. Nos momentos saudosistas sempre canto.
AH! quanto as carteiras sociais, de dois lugares, comigo acontecia um castigo que adorava.- As crianças que conversavam muito, eram colocadas com o sexo aposto.- hhahahahaha.
Eu sempre dividia a carteira com os meninos.rsrsrs.
Adorei o texto.
bjs no coração
Marina Nani
Eu simplesmente te amooo e sou sua fã pooo hehehehe.............. era isso que tenho para comentar ta? rs
ResponderExcluirBeijocasss tio... saudades!
=D