Figura: da Web
Será que os animais têm alma, ou apenas o homem, por ter o dom de pensar, ganhou para si o direito de ter um invólucro adjutório conhecido por alma? A alma é uma entidade à parte ou está mesclada ao corpo de onde sai só depois da morte? Almas também morrem? Se não, onde elas ficam? Não consigo sintetizar um pensamento que me dê uma noção razoável do que venha ser alma. Contudo, se ela é uma das bases de sustentação do corpo, capaz de promover um pouco de equilíbrio ao indivíduo, será sempre bem-vinda. É que o homem já não se agüenta mais! O mundo tem hoje seis bilhões e meio de pessoas que não se entendem. São almas revoltadas, vingativas, outras sensíveis, temerosas, todas em busca de um espaço que não existe mais.
O homem não se olha mais, não se cumprimenta, nem se agrupa, como em outros tempos. Não é mais possível olhar para a cara de alguém sem desconfiar. As grandes cidades do mundo, inclusive as nossas, mantém pontos públicos estrategicamente guarnecidos com modernas câmeras em busca de perfis sob os quais pode estar escondido um bandido em potencial. A princípio, todos são suspeitos. A privacidade, a qual temos direito legal, entre outras coisas, como à vida e à liberdade, acabou.
A complexa engrenagem que move a relação social é muito conturbada. Na falta de um convívio harmônico e pacífico, passamos a ser eremitas dentro de nossos exíguos espaços. Na maioria das vezes queremos ficar sozinhos, a mercê de nossos próprios pensamentos, na expectativa de resolver os entreveros particulares que criamos em nosso íntimo. O ermitão moderno não precisa se esconder em uma caverna longínqua, para fugir do assédio social. Hoje um misantropo está presente nas ruas, no trabalho, na escola, na igreja e até mesmo em casa. São almas tempestuosas em busca de algo que lhes dêem paz. Certamente que os animais não têm alma, porque agem pelo instinto e o instinto lhes oferece a tranqüilidade de que necessitam para sobreviver; diferentemente do ser humano que age pela razão e pela lógica. Contudo, justamente por querer dar uma simetria a estes princípios fundamentais, através da ética e da moral, é que acabam entrando em desacordo, gerando atritos conflitantes, agressividade, desconfiança, abandono e medo.
Viver entrelaçados de harmonia e paz é um desejo comum entre os homens, mas não passa de uma conjectura utópica. O mundo nunca esteve em paz. Historicamente as guerras sempre existiram. A obsessiva e continuada luta pelo poder, a exagerada busca pela riqueza, provocam destruição e morte. Não há para onde fugir. Este é um panorama que faz de nós sacos de pancadas e de nossas almas mares revoltos. As coisas até que se modificam, entretanto não mudam em sua essência. No meio do caos existe o sonho de que tudo mude um dia. É por isso que, apesar de tudo, entre nós ainda é possível vislumbrar vestígios de amor e de felicidade.
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